Pastor Malafaia diz que dinheiro em conta de igreja foi oferta de fiel: 'Indignado'
Silas Malafaia é suspeito de participar de um esquema de corrupção na cobrança de royalties da exploração mineral.
Correio.
Alvo de investigações na Operação Timóteo, o pastor Silas Malafaia usou sua conta na rede social Twitter para falar sobre o caso. Na manhã desta sexta (16), agentes da Polícia Federal estiveram na casa de Malafaia para que ele prestasse esclarecimentos sobre um esquema de corrupção na cobrança de royalties da exploração mineral. Ele afirmou que o dinheiro depositado em contas da igreja da qual é responsável foi passada como oferta por um membro de uma outra instituição.
"Nesta manhã fui acordado por um telefonema de que a Polícia Federal estava na minha casa. Estou em São Paulo e vou me apresentar. Recebi uma oferta de cem mil reais de um membro da igreja do meu amigo pastor Michael Abud, não sei e não conheço o que ele faz. Tanto é que o cheque foi depositado em conta. Por causa disso sou ladrão? Sou corrupto? Recebo ofertas de inúmeras pessoas e declaro no imposto de renda tudo que recebo. Quer que se alguém for bandido e me der uma oferta sem eu saber a origem, sou bandido?", questionou ele.
"É a tentativa para me desmoralizar na opinião pública. Não poderia ter sido convidado para depor. Recebi um cheque de um advogado como recebo inúmeras ofertas e as declaro no IR. Sou responsável pela bandidagem de outros? Estou indignado. Será que a Justiça não tem bom senso para saber que eu recebi o cheque de uma pessoa? E isso me torna participante do crime? Estou indignado", continuou Malafaia.
Policiais federais estão cumpridos 52 mandados de busca e apreensão, 29 conduções coercitivas, 4 mandados de prisão preventiva, 12 mandados de prisão temporária e sequestro de três imóveis. Além disso, também foi determinado o bloqueio judicial de valores depositados que podem alcançar R$ 70 milhões. Ao todo, 300 policiais estão participando da operação na Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.
A operação, batizada de Timóteo, tem como objetivo investigar um esquema de corrupção que no repasse dos royalties da exploração mineral, que representam 65% da chamada Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) e tem como destino os municípios.
Segundo a Polícia Federal, as provas recolhidas pelas equipes policiais devem detalhar como funcionava um esquema em que um diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral, detentor de informações privilegiadas a respeito de dívidas de royalties, oferecia os serviços de dois escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria a municípios com créditos de CFEM junto a empresas de exploração mineral.
Por causa disso, o juiz do caso determinou ainda que os municípios se abstenham de realizar quaisquer atos de contratação ou pagamento aos três escritórios de advocacia e consultoria sob investigação.
De acordo com a investigação, a organização criminosa se dividia em pelo menos quatro grandes núcleos: o núcleo captador, formado por um diretor do DNPM e sua esposa, que realizava a captação de prefeitos interessados em ingressar no esquema; o núcleo operacional, composto por escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria em nome da esposa do diretor do DNPM, que repassava valores indevidos a agentes públicos; o núcleo político, formado por agentes políticos e servidores públicos responsáveis pela contratação dos escritórios de advocacia integrantes do esquema; e o núcleo colaborador, que se responsabilizava por auxiliar na ocultação e dissimulação do dinheiro.
A Operação Timóteo começou em 2015, quando a Controladoria-Geral da União enviou à PF uma sindicância que apontava incompatibilidade na evolução patrimonial de um dos diretores do DNPM. Apenas esta autoridade pública pode ter recebido valores que ultrapassam os R$ 7 milhões.
O nome da operação faz referência ao trecho da Bíblia.
16/12/2016 16h43
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