Mulher denuncia suposto assédio de fisioterapeuta do Hospital Santa Izabel: ‘Apalpou meus seios e pediu para ver parte íntima’
O que deveria ser uma passagem para se recuperar de uma infecção no rim se tornou um pesadelo para Carolina Silva de Oliveira, 23 anos, durante a estadia no Hospital Santa Izabel, em Salvador. Ela deu entrada na unidade de saúde em nove de fevereiro com quadro de infecção no rim que veio a evoluir e, por isso, foi transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Foi nesse local que a denunciante passou pelo suposto assédio motivo da sua denúncia.
Carolina revelou ao BNews que não conseguia fazer as necessidades no leito de UTI, então foi orientada a aguardar um fisioterapeuta – profissional responsável por cuidar da parte motora – para auxilia-la a levantar e fazer em pé no quarto mesmo.
“Ele estava sem estetoscópio quando entrou no quarto e achou um que estava numa mesa ao lado. A cortina estava fechada, então ele abaixou minha blusa toda para poder ouvir os batimentos cardíacos. Eu achei estranho, mas estava grogue, era de manhã cedo, e não retruquei o comando. Ele olhou meu seio, apalpou. Após isso, ele perguntou se eu tinha filhos e eu respondi que sim, ele levantou o blusão e pediu para olhar a cicatriz da cesárea, ficou mexendo na barriga e não satisfeito, por saber que era infecção por rim, mesmo eu alegando que era na parte alta do órgão, ele abriu minha vagina para ver se tinha alguma infecção”, relatou.
A denunciante afirmou que o tempo todo desconfiou da conduta do profissional e se sentiu desconfortável, mas “a ficha só caiu depois que a situação aconteceu”.
“Ele só deveria me levantar e aguardar eu fazer minhas necessidades, me despiu toda para examinar, nenhum outro médico fez isso. Quando auscultavam meu coração, colocavam o aparelho por debaixo da blusa. Quando ele saiu e nem chegou a me levar para fazer necessidades, minha ficha caiu e comecei a chorar, muito nervosa, relatei tudo para uma enfermeira que ficou indignada, não deixou mais ele entrar”, lamentou.
No relato, Carolina ainda afirmou que após o episódio ela permeneceu sozinha no leito, mesmo a equipe multiprofissional ciente do suposto abuso. “Eu estava fragilizada, as pessoas só vinham e perguntavam como eu estava e saíam, me deixando sozinha. Na UTI não pode ficar familiar, mas depois de tudo, permitiram que amigos e familiares meus ficassem. Chorei o tempo todo, sem acreditar. Percebi um clima tenso, toda hora o profissional passava pelo leito, mas sem entrar e falar nada. Quando a médica estava passando local, viu meu estado completamente nervosa e insistiu para saber o que estava acontecendo. Após meu relato, me deu logo alta, alegando que eu não tinha mais o perfil de UT. O mais estranho nisso tudo é que quando minha mãe chegou, ninguém comentou com ela, eu tive que contar tudo sobre o ocorrido, além disso, quando ela soube e foi atrás da assistente social, todo mundo sumiu e ninguém falou com ela, sem ter uma longa insistência”.
De acordo com Carolina, a coordenação do hospital e dos fisioterapeutas abriram uma sindicância para apurar a denúncia. “O diretor da Santa Casa veio ao meu quarto dizer que o funcionário era antigo e que isso nunca tinha acontecido”.
REPERCUSSÃO - Em nota, a Santa Casa de Misericórdia da Bahia, gestora da unidade hospitalar, informou que “todas as denúncias recebidas são apuradas seguindo rigoroso processo de compliance. O indício apontado de infração ao código de conduta ética motivou a abertura de uma sindicância conforme ocorreu neste caso específico que está sendo averiguado com responsabilidade, lisura e conformidade com a legislação vigente. Caso seja confirmada a conduta inadequada, a conclusão do processo de apuração, que está sendo feito de modo a preservar o absoluto sigilo dos envolvidos, será encaminhada para as autoridades competentes”.
No entanto, o órgão não disse se o profissional seria afastado das atividades até o término da apuração da denúncia.
A reportagem entrou em contato também com o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito 7) e o presidente, Gustavo Vieira, afirmou através que nota que nenhum caso sobre abuso sexual por parte de profissional de fisioterapia chegou. No entanto, um ofício já foi enviado para a responsável técnica do serviço de Fisioterapia do referido Hospital e aguardamos informações sobre o caso.
“Em tempo reafirmamos nosso compromisso institucional de PROTEÇÃO À SOCIEDADE e, uma vez comprovada participação de um profissional da Fisioterapia neste caso, oficiaremos a autoridade policial para que possamos acompanhar o caso e abriremos um processo ético em desfavor do agressor. De antemão nos solidarizamos com a vítima e toda sua família, repudiamos qualquer forma de agressão e não mediremos esforços para extirpar da profissão qualquer pessoa que se intitule fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional e que agir dessa maneira”.
Uma queixa será prestada nesta segunda-feira (17) na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), no bairro de Brotas.
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