Falso juiz levava vida de luxo aplicando golpes em vários estados
A Polícia Civil gaúcha prendeu um estelionatário que se passava por juiz federal.
A Polícia Civil gaúcha prendeu um estelionatário que se passava por juiz federal. Segundo as investigações, o homem de 43 anos fez fortuna aplicando golpes em vários estados do país. As vítimas eram pessoas que vendiam imóveis ou carros de luxo, que eram atraídas para negócios supostamente vantajosos e acabavam entregando dinheiro ao golpista.
Imagens feitas por uma câmera de segurança de uma cafeteria no Centro de Porto Alegre flagraram o falso juiz em ação. No vídeo, ele conversa com um futuro parceiro de negócios e diz que está interessado em alugar imóveis. Bem vestido, educado e com bom papo, faz questão de pagar a conta. “Ele fica o tempo todo rente a ti. Não deixa pagar nada. Ele paga tudo, tudo. Uma pessoa, no vestuário, assim, que tu jamais vais desconfiar”, afirma uma vítima, que prefere não se identificar.
O homem que se apresenta como juiz, na verdade, é um estelionatário conhecido. A ficha de João Marcelo Pereira Debortoli, de 43 anos, é longa. Praticou golpes em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná e Bahia. Há dois anos, chegou a ser preso em Maceió, Alagoas.
“Sempre bem arrumado, muito educado, com nível social alto, fala de tudo, muito tranquilo e convence. Os argumentos dele convencem. Eu digo que é o perfil típico do estelionatário”, diz o delegado Juliano Ferreira, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
O homem que estava com o falso juiz no café, em Porto Alegre, foi mais uma vítima. Após saírem do café, os dois foram a um banco. A vítima caiu na conversa e deu ao falso juiz R$ 7 mil. “Impressiona a conversa dele. Fala em milhões”, conta a vítima.
O golpe é simples. O estelionatário procurava carros e imóveis de luxo em anúncios de jornais. Depois, combinava um encontro com os proprietários. Durante a conversa, se apresentava como juiz e comentava sobre outros negócios.
“[Ele] fala que tem possibilidades de compra de imóveis penhorados, sob julgamento dele. Um imóvel que vale R$ 1 milhão, ele diz que com R$ 10 mil é possível comprar o imóvel mais à frente”, explica o delegado. Caso a vítima demonstrasse interesse, ele se oferecia para intermediar o negócio. Dizia que o investimento era de 5% ou 10% do valor. Depois de pegar o dinheiro das vítimas, ele desaparecia.
Foi o que aconteceu com outro homem, que achou que iria vender um carro esportivo para o falso juiz. “Dentro de uma volta, quando ele estava conhecendo o carro, ele passou na frente de um empreendimento, de um imóvel, e disse que tinha recebido oito apartamentos”, relata.
“A forma como ele se comunica, se ele quisesse ter levado o dobro do que ele levou de mim, ele levaria, porque eu não desconfiei em nenhum momento”, acrescenta a vítima. A polícia descobriu que o golpista fazia cerca de 700 ligações telefônicas por dia. Escutas telefônicas revelaram como ele atraia as vítimas e as convencia a fazer um falso negócio. G1.
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