domingo, 9 de outubro de 2016

Garantir terras para indígenas na Amazônia poderia render US$ 1 tri ao Brasil
Garantir aos indígenas de países da Amazônia a posse de suas terras poderia gerar benefícios econômicos que, só no Brasil, ultrapassariam US$ 1 trilhão em 20 anos, de acordo com um novo estudo realizado pelo World Resources Institute (WRI), um "think tank" da área ambiental sediado em Washington, nos Estados Unidos. A pesquisa, divulgada nesta sexta-feira (7), na capital norte-americana, foi realizada no Brasil, na Colômbia e na Bolívia e revelou que nas áreas indígenas onde a posse da terra é garantida, o desmatamento é consideravelmente reduzido. Entre 2000 e 2012, nessas áreas, a devastação foi 40% menor no Brasil, 50% menor na Colômbia e 35% menor na Bolívia. A partir dessa análise comparativa, os autores calcularam o custo-benefício do investimento na proteção de terras indígenas, considerando a economia que seria feita com a redução das emissões de carbono e com a preservação de serviços de conservação do ecossistema, como água limpa, retenção do solo, polinização, biodiversidade, controle de inundações e rendimentos das comunidades com turismo e recreação. De acordo com Juan Carlos Altamirano, economista do WRI que coordenou o estudo, a análise concluiu que proteger a posse das áreas indígenas é um investimento de baixo custo com altíssimo retorno. Os benefícios econômicos estimados em um período de 20 anos são: de US$ 523 bilhões a US$ 1,1 trilhão para o Brasil, de US$ 123 bilhões a US$ 277 bilhões para a Colômbia, e de US$ 54 bilhões a US$ 119 bilhões para a Bolívia. Os custos chegam ao máximo de 1% dos benefícios totais, segundo o estudo. "A maior parte desses benefícios econômicos estão relacionados à conservação dos ecossistemas, como controle do clima e da água, polinização e preservação de espécies importantes. Esses benefícios têm imensos impactos nas atividades produtivas - que são muito mais onerosas sem os serviços fornecidos pelos ecossistemas", disse Altamirano. De acordo com ele, embora os valores estimados pareçam altos, é possível que eles estejam até mesmo subestimados. Os pesquisadores identificaram três tipos de vantagens com a proteção das áreas florestais indígenas: benefícios sociais para as comunidades locais - como criação de empregos e aprimoramento da assistência médica e educação -, benefícios para as ações coletivas - como solução de conflitos nas comunidades - e benefícios para ecossistemas. "Só consideramos os benefícios ao ecossistema, porque os benefícios coletivos e sociais são difíceis de quantificar. Ainda assim, quando somamos as vantagens econômicas da captura de carbono que seria proporcionada à disponibilidade de água, polinização e outros serviços ecossistêmicos que reduziriam custos para as atividades produtivas, chegamos a esse valor muito alto", explicou o economista. De acordo com ele, os valores calculados pelo estudo para os benefícios econômicos em 20 anos foram considerados até baixos por especialistas em mudanças climáticas como Lord Nicholas Stern, presidente do Instituto de Pesquisa Grantham, da London School of Economics. "Quando lançamos o relatório, Stern opinou que nossa estimativa para os benefícios econômicos parece modesta demais, considerando a magnitude dos impactos do desmatamento na economia mundial", disse Altamirano. Stern, que foi economista-chefe do Banco Mundial entre 2000 e 2003, afirmou que a proteção de terras indígenas pode ser uma forma sustentável de levar desenvolvimento e crescimento aos países amazônicos - o que é uma exigência para enfrentar o desafio da crise climática.

Bahia Noticias

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